Princesa nasceu no inicio do século XVIII pelas mãos da fazendeira Natália do Espírito Santo. Ela ganhou um pedaço de terra dos Garcia D`Avila de Portugal e implantou uma fazenda de gado ao redor da Lagoa da Perdição. Os D Ávila não gostavam de terras, só de ouro, por isso se desfizeram da gleba princesense, achando que ali não havia nada de futuro no subsolo. Mais tarde descobriu-se que estavam enganados, depois do surgimento de ouro em Cachoeira de Minas e, mais adiante, em Alagoa Nova, hoje Manaíra.
Edificada a fazenda, dona Natália cuidou, também, de construir uma pequena capela. Segundo a historiadora Serioja Mariano, as obras da capelinha foram iniciadas em 1858 pelo Padre Francisco Tavares Arcoverde e concluídas em 1875. A padroeira escolhida foi Nossa Senhora do Bom Conselho.
Esse padre também começou a construção das primeiras casas, sendo ajudado pelos coronéis Marcolino Pereira Lima e Manoel Rodrigues Florentino. Ao todo, construíram 50 casas. O coronel Manoel Rodrigues construiu bela casa ao lado da igreja, mas vivia na sua fazenda em Irerê.
O primeiro nome do lugar foi Perdição, em homenagem à lagoa. Depois foi rebatizada de Bom Conselho, e em 26 de novembro de 1875 foi elevado à categoria de vila, recebendo a denominação de Princesa. Esse nome foi dado pelo coronel Marcolino, que assim quis agradar o rei Dom Pedro II, pai da Princesa Isabel. Princesa conquistou o status de cidade em 18 de novembro de 1921, pela Lei nº. 540.
Até 1910 Princesa só possuía bibocas, casas pequenas e inexpressivas. Os casarões coloniais somente surgiram na década de 20, quando a cidade experimentou uma fase de expressivo progresso. Para se ter uma idéia, na década de 20 Princesa possuía luz elétrica e agência de automóveis, coisa que não existia, por exemplo, em Patos, tida e havida como cidade mais central e de maior porte.
Com a morte do coronel Marcolino, em 1905, assumiu o comando político de Princesa o filho dele, José Pereira. Para se dedicar à política, Zé Pereira abandonou o curso de Direito, no quarto ano. Ele foi o responsável pela alavancada progressista do lugar. Reinou absoluto até 1930, quando rompeu com o presidente João Pessoa, declarou guerra ao governo do Estado e transformou Princesa num território independente da Paraíba, com direito a lei própria, hino e ministério.
A guerra de 30 durou seis meses e matou mais gente do que o número de mortos registrado na campanha da FEB nos campos da Itália.
José Pereira lutava contra João Pessoa recebendo ajuda do Governo Federal e de importantes comerciantes do Recife. Enquanto a polícia de João Pessoa utilizava velhos fuzis do século 19, os homens de Zé Pereira tinham armas modernas e munição abundante. Os chamados “cabras” de Zé Pereira eram assalariados, os solteiros ganhavam menos, os casados ganhavam mais. O dinheiro vinha do Recife, desembarcava do trem em Arcoverde e de lá era transportado de jipe pelo tesoureiro do coronel, o japonês Eije Kumamoto.
Embora a justificativa para a luta fosse à defesa do território ameaçado pelas armas do Estado opressor, diz-se à boca miúda que o coronel foi usado pelos Pessoa de Queiroz e pelo próprio governo federal, para viabilizar uma intervenção na Paraíba. É que João Pessoa divergia do Governo Central, era candidato à vice-presidente na chapa de Getúlio Vargas e uma intervenção viria a calhar. Os Pessoa de Queiroz, por outro lado, não gostavam do presidente da Paraíba, embora fossem primos legítimos. Eles não engoliram a nomeação de João, disseram isso ao tio Epitácio Pessoa. E ficaram mais danados da vida ainda depois que o presidente instituiu a porteira nas fronteiras do Estado, impedindo a sonegação fiscal que até então era praticada de forma escancarada.
Com a morte de João Pessoa a 26 de julho, pelas mãos do advogado João Dantas, acabou o sentido da guerra, Zé Pereira depôs as armas e fugiu de Princesa para não ser preso. Passou meses e meses fugindo, trocando de nome, passando-se por vendedor de redes, enquanto seu patrimônio era dilapidado pelos novos donos do lugar, Nominando Diniz à frente, e seus parentes eram presos e humilhados pela Polícia.
Hoje Princesa é importante cidade do sertão, possui um clima frio nos primeiros meses do ano e ameno nos restantes, graças a sua localização privilegiada no topo da Borborema.
Berço de artistas e intelectuais, são princesenses o tribuno Alcides Carneiro, o jurista José Florentino Duarte, o historiador Paulo Mariano, o bispo Dom Muniz Fernandes, os músicos Canhoto da Paraíba, Manoel Marrcos e Antonio Delano, o artista plástico Antonio Roberto Maximiano, o poetaMiguezim de Princesa e os ex-deputados Antonio Nominando Diniz e Aloysio Pereira Lima
Blog do Tião Lucena
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