Pressionado pela possibilidade de enfrentar uma CPI no Senado, ministro deixa a Casa Civil afirmando que toma a decisão para acabar com o "embate político" ao redor de sua figura
Redação Época
Dilma e Palocci estiveram juntos na manhã desta terça-feira (7) durante cerimônia de assinatura do decreto criando a Comissão Nacional e o Comitê Nacional de Organização da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). No início da noite, ele deixou o governo
Antonio Palocci não é mais o ministro-chefe da Casa Civil. O chamado homem-forte do governo Dilma Rousseff pediu demissão nesta terça-feira (7), em meio a uma pressão cada vez maior para que deixasse o governo ou explicasse como, entre 2006 e 2010, fez seu patrimônio se multiplicar por 20. A decisão de Palocci chega um dia depois de a Procuradoria-Geral da República arquivar o processo contra o ministro, afirmando que não havia indícios de ilegalidades cometidas por ele. O documento, que poderia servir como um atestado de inocência para Palocci, acabou funcionando como um catalisador para a saída do ministro.
Em nota, Palocci afirmou que toma a decisão para acabar com o "embate político" ao redor de sua figura. Segundo ele, a decisão se dá mesmo após "robusta manifestação do procurador-geral da República sobre a lisura" de seus negócios. A senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) será a substituta de Palocci.
Palocci e o governo erraram na estratégia. A expectativa era de que, com um parecer favorável da Procuradoria-Geral da República, a pressão política sobre o ministro iria diminuir. Aconteceu justamente o contrário. A oposição passou a acusar o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, de “se acovardar” e de atuar em favor do governo pois aguarda uma decisão de Dilma sobre um novo mandato à frente do MPF – o atual se encerra em 22 de julho.
Diante dessas acusações, o clima para Palocci piorou. Dois senadores da base aliada – Pedro Taques (PDT-MT) e Cristovam Buarque (PDT-DF) – assinaram o requerimento para que uma CPI para investigar Palocci fosse aberta no Senado. Os votos dos pedetistas levaram para 23 o número de assinaturas coletadas, das 27 necessárias. Como os senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Ricardo Ferraço (PMDB-ES) também prometiam assinar o requerimento e o PMDB ainda tem vários outros dissidentes, estava claro que a oposição não precisaria se esforçar muito para chegar ao número de assinaturas necessárias.
A crise envolvendo Palocci causou diversos constrangimentos ao governo. Em maio, a base aliada se dividiu e não conseguiu aprovar o Código Florestal da forma que o Planalto queria. A ex-senadora e ex-candidata do PV à Presidência, Marina Silva, acusou o governo de desistir do Código Florestal para proteger Palocci. Dianta da pressão sobre o ministro, o governo também se viu acuado pelo principal aliado, o PMDB, que passou a exigir cargos e outro benefícios para proteger Palocci. Outro efeito colateral da crise de Palocci foi o retorno do ex-presidente Lula ao cenário político. Lula atuou como bombeiro e tentou articular a aliança PT-PMDB, abalada pela crise.
Confira a íntegra da nota da Casa Civil:
"O ministro Antonio Palocci entregou, nesta tarde, carta à presidenta Dilma Rousseff solicitando o seu afastamento do governo. O ministro considera que a robusta manifestação do Procurador Geral da República confirma a legalidade e a retidão de suas atividades profissionais no período recente, bem como a inexistência de qualquer fundamento, ainda que mínimo, nas alegações apresentadas sobre sua conduta. Considera, entretanto, que a continuidade do embate político poderia prejudicar suas atribuições no governo. Diante disso, preferiu solicitar seu afastamento."
JL
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