Domingo, 5 de Junho de 2011 - 06h00
Metamorfose ambulante
Ricardo Coutinho levou anos para construir sua imagem. No início de sua trajetória política, cunhou a face de um sindicalista ativo, aliado dos movimentos sociais organizados e militante ativo de todas as manifestações, especialmente contra o poder. Assim, catapultou sua carreira política de vereador a deputado mais votado em João Pessoa.
Depois, passou seis anos operando no marketing de um bom gestor, na condição de prefeito de João Pessoa. E tanto deu certo que se elegeu governador. Sua biografia e, claro, o apoio decisivo de Cássio Cunha Lima, contribuíram para que milhares de paraibanos votassem no projeto que ele oferecia durante a campanha. Sua ascensão foi notável.
Mas, impressiona como, em apenas cinco meses, ele tem conseguido destruir toda imagem que havia criado para si. Na verdade, ou o Ricardo que todos conheciam antes, de vereador a prefeito, era outro, ou está revelando realmente quem é agora após ter chegado a topo da hierarquia política local, e pouco está se lixando para o que pensam dele.
Em cinco meses, deixou de ser o sindicalista que defendia o diálogo e as classes menos favorecidas. De democrata, passou a condição de déspota que não tolera o contraditório e se esmera em esmagar categorias organizadas como policiais, médicos, professores e defensores, com uma a prática stalinista de trucidar quem ouse lhe contrariar.
De João Pessoa e Cachoeira dos Índios, onde se indagar sobre o governador, majoritariamente se ouvirá que se trata de um ditador prepotente. Muito se ouvirá demonstrações de desengano dos que nele votaram. Uma informação que, com certeza, não é novidade. Se ele realiza pesquisas regularmente, então tem esse termômetro da impopularidade.
Mas, talvez o nosso ínclito, preclaro e insigne governador imagine que, nos próximos meses, bastará sacar parte do caixa que fez (mais de R$ 1 bilhão) para comprar corações e mentes, inclusive para as eleições de 2012, e será capaz de reverter tudo, num passe de mágica. Ou por decreto, como é mais de seu feitio. Ele talvez ele esteja certo.
Jornal Correio da Paraíba
