Há um equívoco na cabeça daqueles que pensam que o desempenho de um governo se mede pelo desempenho na Assembleia Legislativa. Ilusão treda, pra citar Augusto. É o povo, verbalizado na opinião pública, que dita essa regra.
Não admitir isso é o mesmo que admitir que um governo que massacra o povo e aprova tudo que quer com os deputados é o melhor modelo de gestão. Claro que não é. Entre vencer ou perder no parlamento e o desempenho do governo existe algo chamado avaliação popular.
É essa que vale.
E o governador Ricardo Coutinho (PSB) sabe tanto disso – e há tanto tempo - que não "superdimensiona" derrotas no legislativo. Porque quando uma gestão consegue ter o aval da população, - ou da maioria dela – o que menos vai importar é o placar das votações nas casas legislativas.
Para as derrotas políticas, existem as arenas do Judiciário.
A comemoração da oposição em vencer o governo em votações na Assembleia só tem sentido de ser quando se sabe exatamente no que se venceu. No caso mais recente, por exemplo, venceu a garantia do reajuste vinculado à arrecadação aos agentes fiscais. Ok. E o que é que Zezinho de Uiraúna, que não tem água em casa, ou Tonico de Campina Grande, que foi assaltado no Parque do Povo, tem a comemorar com isso?
Nada.
Eles, e os demais paraibanos, querem ver o governo vencendo é na superação dos desafios da Paraína. E não perdendo ou vencendo na Assembleia. Com o voto daqueles, como o deputado Wilson Braga, que procuram melhorar suas próprias vidas em cada impasse legislativo.
Bem avaliado nas pesquisas de opinião pública, o ex-presidente Lula sempre enfrentou dificuldades com o Senado Federal, até por conta da ausência quantitativa de aliados. Mesmo assim fechou um governo considerado um dos mais afortunados da história recente deste país.
A presidente Dilma, diante das instabilidades do PMDB e de outras legendas aliadas, também tem lá suas dificuldades no Congresso. Continua bem avaliada popularmente.
Nessa lógica, enquanto todo mundo acha que o governador deveria largar tudo e focar na Assembleia Legislativa, Ricardo Coutinho faz cara de paisagem e prefere apostar em resultados práticos da gestão. E sabe que tem que apostar ainda mais neles. Nos resultados, não nos deputados.
Sabe que se eles – os resultados - chegarem efetivamente não tem deputado que se sentirá confortável em votar matérias contrariamente. Ricardo fez isso em João Pessoa. E deu certo. Os vereadores que fizeram do mandato uma bandeira contra o prefeito Ricardo viraram suplentes de vereadores e fantasmas da política.
Assim, é ilusória a tese que prega que “o governo vai mal porque perde na Assembleia”. O governo tem que ganhar é nas ruas, na satisfação popular. A Assembleia pode ser, no máximo, reflexo da avaliação externa. Nunca fonte primária.
Ricardo Coutinho pensa assim. Antes de agradar 36, prefere – e tem o dever - de agradar aos três milhões de paraibanos.
O resto é querer restringir um estado inteiro à posição política de poucos. E a expectativa popular de muitos aos interesses particulares de alguns.
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