Radio Planeta Rei

terça-feira, 13 de março de 2012

Em carta, Ricardo Teixeira anuncia saída da CBF

Ricardo Teixeira, agora ex-presidente da CBF

Após 23 anos e dois meses no poder, o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira, divulgou carta nesta segunda-feira na qual anunciou sua saída da entidade e também do COL (Comitê Organizador Local) da Copa do Mundo de 2014. O vice-presidente mais velho da CBF, José Maria Marín, ficará no cargo da duas entidades até abril de 2015, quando ocorre a assembleia geral da CBF para avaliação das contas de 2014.

Marín, que leu a carta de Teixeira em coletiva, se emocionou a falar do ex-presidente: "Acompanhei a Copa do Mundo de 1950 [no Brasil] pelo rádio, e quero dar meu testemunho como ex-atleta e brasileiro. O Ricardo Teixeira tornou realidade o sonho de milhões de brasileiros. Eu chorei naquele dia que perdemos para o Uruguai, e agora temos que fazer justiça. O grande responsável por dar esse oportunidade ao Brasil é o Ricardo Teixeira. E presto solidadiredade a outra pessoa que aprendi a admirar e respeitar há muito tempo, o João Havelange. Há pessoas pelas quais temos que ter ao menos respeito. Se não tem gratidão, ao menos respeito tem que ter", afirmou, emocionado.

No comunicado divulgado por Teixeira, o dirigente deixou um "muito obrigado" à torcida brasileira, lembrou os títulos conquistados pela seleção desde que ele assumiu o cargo e afirmou que todas as acusações de corrupção contra ele são "injustas". "Fiz nesses anos o que estava ao meu alcance, sacrificando a saúde. Fui criticado nas derrotas e subvalorizado nas vitórias. Deixo definitivamente a presidência da CBF com a sensação de dever cumprido", escreveu.

Teixeira foi 18º presidente da Confederação Brasileira de Futebol, e estava no cargo desde 16 de janeiro de 1989. Seu 5º mandato consecutivo terminou em 2007, mas havia sido foi prolongado (sob acordo) até o final da Copa do Mundo de 2014. O ex-presidente tinha 0,01% da sociedade do COL (99,9% são da CBF), porcentagem que agora é de Marín.




Leia a carta do ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira:

Ser presidente da CBF durante todos esses anos representou na minha vida uma experiência mágica. O futebol, no Brasil, é mais que esporte, mais que competição. É a paixão que envolve, é o sofrimento que alegra, é a fidelidade que unifica. Por essas razões, pensei muito na decisão que ora comunico e pensei muito no que dizer sobre minha decisão.

Presidir paixões não é tarefa fácil. Futebol em nosso país é sempre automaticamente associado a duas imagens: talento e desorganização. Quando ganhamos, despertou o talento. Quando perdemos, imperou a desorganização. Fiz, nestes anos, o que estava ao meu alcance, sacrificando a saúde, renunciando ao insubstituível convívio familiar. Fui criticado nas derrotas e subvalorizado nas vitórias. Mas isso é muito pouco, pois tive a honra de administrar não somente a Confederação de Futebol mais vencedora do mundo, mas também o que o ser humano tem de mais humano: seus sonhos, seu orgulho, seu sentimento de pertencer a uma grande torcida, que se confunde com o país.

Ao trazer a Copa de 2014, o Brasil conquistou o privilégio de sediar o maior e mais assistido evento do mundo, se inseriu na pauta mundial, alavancou mais a economia e aumentou o orgulho de todo o povo brasileiro. Tentei, no limite das minhas forças, organizar os talentos. Nas minhas gestões, criamos os campeonatos de pontos corridos e a Copa do Brasil, aumentamos substancialmente as rendas do futebol brasileiro, desenvolvemos o marketing e, principalmente, vencemos.
Ainda sobre Copa do Mundo, Ricardo Teixeira acompanhou treinos da seleção comandada por Dunga durante Eliminatórias da Copa de 2010 - Foto: Getty Images5/19
Hoje, deixo definitivamente a presidência da CBF com a sensação do dever cumprido. Não há sequência de ataques injustos que se rivalizem à felicidade de ver, no rosto dos brasileiros, a alegria da conquista de mais de 100 títulos, entre os quais duas Copas do Mundo, cinco Copas América e três Copas das Confederações. Nada maculará o que foi construído com sacrifício, renúncia e dor.

Teixeira não tinha trânsito com Dilma Roussef
A mesma paixão que empolga, consome. A injustiça generalizada, machuca. O espírito é forte, mas o corpo paga a conta. Me exige agora cuidar da saúde. Em obediência ao estatuto da CBF, mais precisamente ao disposto em seu artigo 37, você, meu vice-presidente e ex-governador de São Paulo, José Maria Marin, passa a presidir a CBF. A você, desejo sorte, para que o talento se revele na hora certa; discernimento, para que o futebol brasileiro siga cada vez mais organizado e respeitado; e força, para enfrentar as dificuldades que certamente virão.

Deixo a CBF, mas não deixo a paixão pelo futebol. Até por isso, a partir de hoje e sempre que necessário, coloco-me à disposição da entidade. Reúno-me com mais força à minha família, que entendeu minha missão, apoiou-me sempre e me faz ainda mais feliz. Agradeço de maneira especial aos presidentes de clubes e das federações estaduais, aos dirigentes e colaboradores da CBF, amigos leais em quem sempre encontrei apoio incondicional para o desempenho de meu trabalho. À torcida brasileira, meu muito obrigado. Nunca me esquecerei das taças sendo erguidas. Elas estão no coração de cada um de nós. Elas são um pedaço do Brasil.

Cordiais saudações,
Ricardo Terra Teixeira

Fonte: IG

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