Radio Planeta Rei

sábado, 28 de julho de 2012

Os segredos de Russomanno

ISTOÉ revela as estratégias adotadas pelo candidato do PRB para romper a polarização PT-PSDB e chegar ao segundo turno da eleição paulistana


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A filmadora foi ligada a pedido do candidato à Prefeitura de São Paulo Celso Russomanno (PRB). Já com o microfone na lapela, o ex-deputado federal não queria correr o risco de desperdiçar uma fala sequer para o seu programa eleitoral. Olhou para a iluminação em busca de erros, conferiu novamente a sala de reuniões onde há um retrato dele pintado em óleo pendurado na parede e depois perguntou ao repórter de ISTOÉ: “Vamos lá?” Com a experiência de quem popularizou o bordão “estando bem para todas as partes”, o apresentador conhece como poucos a importância da mídia. Por isso, cuida para que nada fuja do script. Ao avaliar o seu desempenho nas pesquisas, mostra otimismo. Ancora-se nos números e na trajetória ascendente. 


Desde janeiro, ele cresce a cada levantamento, chegando ao empate técnico na primeira colocação com José Serra (PSDB). Conta com a preferência de 26% do eleitorado, de acordo com o Datafolha, 17 pontos à frente de Fernando Haddad (PT) e Soninha Francine (PPS). Seu desempenho confunde analistas políticos e acende o sinal de alerta nos comitês tucano e petista, que tentam entender até onde ele pode chegar. Para o apresentador, a resposta é fácil: “Chegarei ao segundo turno”, aposta.

Uma das principais estratégias de Russomanno é a municipalização da campanha. Enquanto os adversários se esforçam para associar a eleição local à nacional, Russomanno prefere discutir os temas paroquiais. Assim, acredita estar mais próximo dos paulistanos. Entre as causas abraçadas recentemente pelo candidato está o fim da restrição à distribuição de sacolas plásticas em supermercados, bandeira defendida pela população. Desde o início do ano, aborda também como uma espécie de mantra os três temas que mais preocupam os eleitores: saúde, segurança e transporte. Apesar de ele creditar tanta sintonia às suas andanças pela periferia, Russomanno se vale de sondagens diárias feitas por uma empresa especializada. “Quando analisamos o discurso dele, vemos que está colado com os anseios da população”, comenta Mauro Paulino, diretor do Datafolha. 

Com os marqueteiros Ricardo Bérgamo e Agnelo Pacheco, Russomanno define os rumos de suas inserções. Para se consolidar nas primeiras colocações, em agosto, Russomanno colocará kombis na frente das 31 subprefeituras da cidade para medir o grau de insatisfação dos que procuram o órgão. Também espalhará um verdadeiro exército composto por 28 mil jovens para visitar casas em áreas mapeadas. Todos com um discurso específico para cada região. Faltando 15 dias para o primeiro turno, mais 42 mil militantes de municípios vizinhos se somarão ao corpo a corpo, parte oriunda do PTB. A aliança costurada com os trabalhistas trouxe um minuto ao escasso tempo do apresentador no horário eleitoral e deu musculatura à candidatura formada por legendas pequenas. Dos petebistas ele terá, por exemplo, o apoio do vice-prefeito de São Bernardo, Frank Aguiar, para angariar o voto dos nordestinos; da cantora Ângela Maria junto ao eleitorado da terceira idade; e de seu colega de chapa, o ex-presidente da OAB paulista Luiz Flávio D’Urso, na atração das classes A e B, em que amarga forte rejeição.

ANTI-SERRA 
Russomanno vem se favorecendo com a rejeição ao tucano

Espécie de QG temporário, uma casa de classe média alta, na zona sul, é usada para as festas e os encontros promovidos por Russomanno. Ali, trabalham 20 funcionários. Porém, por trás de sua candidatura, há uma forte estrutura. O PRB, partido que abriga lideranças da Igreja Universal, dá sustentação à campanha. Sua eleição é considerada o carro-chefe da legenda. Em veículos ligados ao grupo neopentecostal, ele obteve farta exposição. Além de escrever para cerca de 20 jornais, apresentava programas e aparecia em quadros de outras atrações com sua conhecida defesa do consumidor até o final de junho, quando deixou as funções em obediência à lei eleitoral. Não à toa, lidera no segmento evangélico. Russomanno, no entanto, refuta qualquer favorecimento por parte da Universal. No domingo 29, por exemplo, ele irá à missa do padre Nelson Silvino. A ida ao evento católico faz parte de uma agenda ecumênica elaborada com o staff da campanha.  

Foto: Pedro Dias/ag. istoé

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