O senador Cícero Lucena ainda não anunciou se disputará a reeleição em 2014, mas já deve imaginar o caminho, mais tortuoso que o de Santiago de Compostela, que terá que atravessar para renovar o mandato na câmara alta do país. Nada menos que oito homens poderosos, montados em grandes estruturas política-econômica-partidárias têm "paquerado a noiva", uma simbologia que se refere ao desejo de oito homens pela cadeira do 'caboclinho' no Senado.
Atualmente ocupando a cobiçada 1ª secretaria da augusta casa, Cícero também já deve saber que, provavelmente, não permanecerá na função com a renovação da mesa no início de 2013. Do planalto, vislumbra duas possibilidades, uma eleição tranquila e sem preocupações para deputado federal ou uma luta titânica pela cadeira de senador. Quanto à segunda hipótese, a acachapante derrota eleitoral sofrida para o petista Luciano Cartaxo e o 'iminente' isolamento político a que será submetido podem decretar o xeque-mate contra Cícero antes mesmo de 2014.
Ter sido candidato a prefeito, sem dúvida, lhe deu visibilidade, recall e o aproximou de suas bases, mas apenas na capital. No interior, Cícero enfrentará a concorrência desleal de adversários que palmilharam todo o estado, de município em município, bancando e selando suas trincheiras eleitorais. Sua reeleição também não tem mais a simpatia de Cássio, como em 2006.
A seguir, a descrição de cada um dos oito poderosos homens que trabalham para arrebatar a cadeira de Cícero Lucena em Brasília:
Aguinaldo Ribeiro
Com aparições constantes no Jornal Nacional e na grande mídia nacional, Aguinaldo Ribeiro é, a preço de hoje, o favorito para sucessão de Cícero. Foi deputado estadual duas vezes, depois federal e líder do PP na Câmara Federal. Atualmente comanda a pasta com o segundo maior orçamento do Governo Federal, o Ministério das Cidades. Aguinaldo goza da extrema confiança da presidente Dilma Rousseff, que, diga-se de passagem, supera até Lula nos índices aprovação popular. Essa "viragem" surpreendente na vida de Aguinaldo lhe deu quilômetros de vantagem em relação aos demais interessados na vaga de senador. Se assemelha um 'lord inglês' de tão jeitoso que é com todos, inclusive os que não gostam dele. É o protótipo do "gentleman". Terá como último desafio para chegar ao senado, incorporar o “cheiro do povo”, em substituição ao perfume francês que ainda exala.
Ricardo Marcelo
Insuperável como negociador. Fundou o PEN para tutorá-lo e expandi-lo. Agregou 1/3 da ALPB em seu partido, ostentando a maior bancada, o que já lhe garante um alto coeficiente eleitoral para pleitear a majoritária. No comando do Legislativo, Ricardo Marcelo criou uma espécie de governo paralelo, um estado dentro do estado, cujo poder transcende as questões partidárias. Ele dá as cartas e a maioria sempre o acompanha. São muitas as suas demonstrações de força, a partir das constantes vitórias em quedas de braço com o governador Ricardo Coutinho. Tem contra si o fato de ser um político de "acordos", mostrando dificuldades no corpo-a-corpo com o eleitor. Visitou quase todos os municípios em 2012 e saiu fortalecido no interior, mas tem pouca penetração nos grandes centros como JP e CG. Fontes seguras informam que não disputará o senado na hipótese de enfrentar Aguinaldo Ribeiro, pela amizade 'singular' de ambos, um apoiará o outro. Ou vai Marcelo, ou vai Aguinaldo.
José Maranhão
É o político vivo que mais ocupou cargos públicos na história da Paraíba. Terá aproximadamente 80 anos na próxima eleição. Deseja ser candidato ao senado, e se for, não será a primeira vez que atropelará outras lideranças do PMDB. Sua neutralidade no 2º turno em João Pessoa foi solenemente ignorada pelos companheiros de partido, mostrando que o ex-governador não é mais general, nem os pemedebistas são seus soldados. Maranhão perdeu as três últimas eleições que disputou nos últimos seis anos, mas superando todas essas resistências, detém o comando do PMDB no estado e ainda mantém o sobrinho Benjamim Maranhão como "dono eterno" do diretório da capital. Todavia, sem o mandato e a força da caneta, terá na presidência do partido o único trunfo para tentar "satisfazer sua vaidade" de disputar o Senado novamente.
Wilson Santiago |
É construtor e sabe edificar parcerias, principalmente políticas, e quando lhe rendem dividendos eleitorais. Foi duas vezes deputado estadual e duas vezes federal. Principal arauto em defesa da “renovação” do PMDB, não esconde sua frustração por ter sido retirado do Senado, onde assumiu o mandato a partir do indeferimento do registro de Cássio Cunha Lima no TSE, nas eleições de 2010. Mas deixou o filho representando-o na Câmara Federal. Mantém uma relação muito “amistosa” com o governador Ricardo Coutinho, que recentemente o encarregou de acompanhar processos do Governo do Estado no STF e STJ. Pelas mãos de Santiago, ainda reside uma remota chance do PMDB se aproximar do PSB. Além de José Maranhão em seu encalço, ainda terá em Wellington Roberto uma pedra no seu sapato em 2014.
Ney Suassuna
Deve decidir o futuro partidário até setembro, mas precisa aparecer mais na Paraíba. Conhecido como "trator", desperta simpatia pelo seu estilo desengonçado. É o nome que desfruta de maior intimidade com Ricardo Coutinho entre todos os pré-candidatos. Bem-sucedido empresarialmente, Ney nunca escondeu o "sonho" de retornar ao tapete azul. Tem um portfólio invejável em Brasília nos 12 anos de mandato que realizou. Como senador, foi escolhido 11 vezes pelo DIAP como um dos 100 parlamentares mais influentes do Congresso. Já foi ministro da Integração Nacional, líder do PMDB e líder da Maioria no Senado. Sua condição socioeconômica sempre lhe gerou desconfortos, por achar que lideranças políticas só se aproximam dele em busca de dinheiro. Nos subterrâneos do poder, há alguns meses circulou a informação que Ney teria "livrado" Ricardo Coutinho de uma operação laboratorial de "impeachment", orquestrada em conjunto por desafetos de RC no legislativo e judiciário. Em comum, ambos têm na competente Aracilba Rocha a "fiel escudeira" de seus projetos.
Wellington Roberto
Tem forte base eleitoral nos pequenos municípios, detém mais de 40 prefeitos na mão e o comando absoluto do PR. Era suplente de Humberto Lucena e assumiu um mandato como senador em 1997, com apenas 35 anos. Atualmente é deputado federal em terceiro mandato, sendo o mais votado na última eleição. É o nome preferido do grupo Vital do Rêgo para ocupar a senatoria na chapa de Veneziano. Wellington é uma espécie de “sambarilove” da política paraibana, tem um perfil boa praça e uma assessoria com "Networking eficiente" na hora de sangrar seus adversários diretos. Seu maior "azar" foi ter perdido em 2012 nas duas maiores cidades, estando na frente de batalha. Esteve diretamente envolvido nos dois últimos insucessos de José Maranhão em 2010 e 2012, e na derrota de Tatiana Medeiros em 2012, que teve o seu filho Bruno Roberto como vice. Talvez por isso, o cavalo não passe selado para Wellington em 2014.
Ruy Carneiro
Atual presidente do PSDB, Ruy é um dos políticos que melhor utiliza a mídia na Paraíba. Foi vereador, deputado estadual três vezes e agora deputado federal. Propostas de sua autoria como a Lei Antinepotismo, Lei Geral da Copa e Pacto pela Paraíba alavancaram seu nome na bolsa de apostas para o senado. Contudo, galgar essa condição lhe exigirá mais do que esforço político, exigirá esforço emocional, porque a cadeira é de Cícero. Ruy vive o dilema shakespeariano: ser ou não ser. O surrealismo do prazer da ascensão, mas do medo de perpetrar um "incesto político". Tomar a "noiva" que hoje pertence ao seu 'genitor' na vida pública, sem combinar com ele, seria uma traição. Caso almeje o senado, Ruy terá a árdua missão de convencer Cícero a desistir ou, então, vai enfrentá-lo. Com um ponto a seu favor, supera Cícero na afinidade e interesse comum com o grupo Cunha Lima, por isso, fica livre do isolamento no PSDB.
Rômulo Gouveia
Tem nas mãos o 4º maior partido do país e um histórico respeitado. Foi vereador, deputado estadual, presidente da assembleia, deputado federal e atualmente vice-governador. Suas duas derrotas à prefeitura de Campina Grande o inibiram de alçar voos maiores. Decidiu fazer carreira solo, abandonando o ninho tucano para presidir o PSD em 2011, sinalizando que não representa mais uma extensão do grupo Cunha Lima. É, na verdade, um leal aliado cativando o seu próprio espaço. Num cenário com Cássio candidato ao governo ou Ronaldo Filho na vice de Ricardo Coutinho, cresce muito a sua para o Senado. Num cenário com Ruy Carneiro candidato ao Senado, Rômulo deve ser mantido na vice do PSB. A decisão do TSE, que validou o tempo de TV das novas legendas na proporção de suas bancadas em Brasília, deixou o ‘gordinho legal’ bastante vitaminado para 2014. E podendo valorizar muito mais o seu “passe” eleitoral.
Mais PB
Nenhum comentário:
Postar um comentário