Saiu no Estadão e na Folha um exercício de “ressentimento destilado” – o artigo do Farol de Alexandria:
HERANÇA PESADA
A presidenta Dilma Rousseff recebeu uma herança pesada de seu antecessor. Obviamente, ninguém é responsável pela maré negativa da economia internacional, nem ela nem o antecessor. Mas há muito mais do que só o infortúnio dos ciclos do capitalismo.
Comecemos pelo mais óbvio: a crise moral. Nem bem completado um ano de governo e lá se foram oito ministros, sete dos quais por suspeitas de corrupção. Pode-se alegar que quem nomeia ministros deve saber o que faz. Sem dúvidas, mas há circunstâncias. No entanto, como o antecessor desempenhou papel eleitoral decisivo, seria difícil recusar de plano seus afilhados. Suspeitas, antes de se materializarem em indícios, são frágeis diante da obsessão por formar maiorias hegemônicas, enfermidade petista incurável.
(…)
O Governo Fernando Henrique/Cerra não comprou a re-eleição no Congresso.
Não, quem fez isso tudo foi o Lula.
Quem fez o contrato do Sivam foi o Lula.
O contrato que o Clinton celebrou no Senado americano (através de seu Secretário de Comércio, Ron Brown) antes de o Senado brasileiro apreciar.
Quem fechou a pasta rosa foi o Lula.
Quem está lá dentro da pasta rosa – a cromática expressão do Caixa Dois – é o Lula.
Quem impediu a Polícia Federal de investigar o Dossiê Cayman foi o Lula.
Quem fez a Privataria – o “se isso der m…”- foi o Lula.
Quem montou na Polícia Federal a Operação Lunus para destruir a Roseana Sarney foi o Lula.
Quem nomeou Gilmar Dantas (*) para o Supremo foi o Lula.
Quem diz que o Daniel Dantas “foi brilhante” é o Lula.
Quem levou o Brasil três vezes ao FMI foi o Lula.
Quem deve a re-eleição (também) ao Clinton é o Lula.
O recurso ao tartufismo deve ter uma explicação singela.
É a maciça rejeição ao seu herdeiro político, Padim Pade Cerra, entre os eleitores da São Paulo, cuja classe média venera os tucanos tanto quanto a Marilena Chauí a despreza.
Os historiadores terão outra explicação: a falência ideológica do neolibelismo (**) que Fernando Henrique Cardoso, Fujimori, Menem, Salinas e Losada – que turma ! – impuseram à América Latina por desastroso período.
(Fernando Henrique foi o único NO MUNDO que apoiou um terceiro mandato para Fujimori, à espera de que fizessem o mesmo com ele.)
(Fujimori está preso no Peru. Menem só não está porque tem privilégio de foro no Senado argentino. Losada fugiu da Bolívia para Miami aos gritos de “ladrão”. E Salinas se trancou num bunker na cidade do México de onde não sai para ver a luz do sol.)
O moralismo é último cartucho do PRP/UDN de São Paulo.
Já, já, eles marcham com Deus.
O Padim Pade Cerra estará à frente, com Nossa Senhora da Aparecida apertada ao peito.
Conversa Afiada - Paulo Henrique Amorim
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