MANAUS - Apesar das dificuldades para falar e com aparência cansada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não poupou esforços para atacar na noite desta quarta-feira um dos maiores opositores de seus dois governos, o ex-senador Arthur Virgílio Neto (PSDB), candidato a prefeito de Manaus (AM), e pedir votos para sua candidata na capital, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB).
Durante um comício que durou cerca de 20 minutos na zona leste da capital amazonense, uma das maiores zonas da cidade, Lula disse a Vanessa que, mesmo se não a conhecesse e soubesse que Arthur Virgílio era o principal adversário dela na eleição, ele viajaria a Manaus para pedir votos para a senadora e derrotar o opositor tucano.
- Eu daria um jeito de lhe apoiar (Vanessa) se eu soubesse que seu adversário é quem é (Arthur) - alfinetou Lula. Atualmente, Vanessa está em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto e Arthur, em primeiro.
Em 2010, a senadora comunista conseguiu uma vaga no Senado com o apoio de Lula e também da presidente Dilma Rousseff (PT), na época candidata ao cargo. Em seu estado, ela teve como aliado o ex-governador Eduardo Braga (PMDB), hoje líder do governo. Com a ajuda dos três, a então deputada federal conseguiu desbancar Arthur Virgílio.
Nesta quarta, Lula disse que, durante seu governo, sofreu ataques agressivos, referindo a Arthur Virgílio, e lembrou de um pronunciamento do tucano no qual ele ameaçava dar “uma surra no ex-presidente”.
- Agora eu entendo porque ele quis me bater naquela época. É porque ele já tinha batido em camelôs aqui em Manaus - disse, referindo-se ao episódio que ocorreu na administração de Arthur quando ele foi prefeito de Manaus (1989-1992), e tentou tirar à força vendedores ambulantes do Centro da cidade com a ajuda da polícia.
Lula insinuou ainda que Arthur não gosta de pobre, citando uma célebre frase do general João Baptista Figueiredo, presidente durante o regime militar, que disse preferir o ‘cheiro de cavalo ao do povo’.
- O que me parece é que esse senhor (Arthur) não gosta de pobre e não suporta o cheiro de pobre - afirmou.
Ao final do discurso, Lula pediu para que os eleitores de Vanessa trabalhassem duro na campanha da candidata e tentou fazer um alerta os correligionários da candidata sobre o ex-senador tucano.
- Cuidado com ele, ele é agressivo. Daqui a pouco ele pode bater em você em qualquer lugar. Essa campanha não está ganha é preciso trabalhar - afirmou.
No discurso, Lula admitiu ainda que não estava recuperado totalmente do câncer, e observou que não poderia se alongar.
- Em 11 meses, fiz tratamento, mas tenho que ter cuidado na fala - disse.
O ex-presidente disse também que o tumor fez com que ele melhorasse como pessoa.
- Pessoas que passaram o que passei, viram um ser humano melhor. A gente faz muita reflexão sobre o passado, sobre o presente e o sobre o futuro - declarou.
Ainda no comício, o senador Eduardo Braga (PMDB), líder do governo Dilma, alfinetou a imprensa nacional, pediu para que os jornalistas olhassem o número de pessoas que estavam no comício e disse que o ex-presidente Lula está mais forte do que nunca.
- Falam tanta besteira e está aí a resposta. Essas pessoas vieram prestigiar o homem que mudou a história do Brasil - disse. Braga também atacou Arthur e disse que Manaus precisaria dizer “não à agressão, ao desequilíbrio e não à violência”.
Logo após a fala do senador e antes de Lula falar, a coordenação da campanha de Vanessa veiculou um vídeo da presidente Dilma em um telão, no qual ela aparece pedindo votos à candidata comunista.
Agradecendo a presença de Lula em seu comício, Vanessa Grazziotin atacou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) dizendo que ele não olhava pelos pobres do Brasil.
- Aquele lá (FHC) só trabalhou para os ricos, precisou vir o presidente Lula para resgatar a dignidade do povo brasileiro - observou.
A reportagem tentou contato com o ex-senador Arthur Virgílio para ouvir a opinião sobre as declarações de Lula, Vanessa e Eduardo Braga, mas as ligações não foram atendidas.vaga no Senado com o apoio de Lula e também da presidente Dilma Rousseff (PT), na época candidata ao cargo. Em seu estado, ela teve como aliado o ex-governador Eduardo Braga (PMDB), hoje líder do governo. Com a ajuda dos três, a então deputada federal conseguiu desbancar Arthur Virgílio.
O Globo
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